Querido Diário…



Desde que tenho memória que me lembro de ter um diário, de ter necessidade de transpor em palavras os meus sentimentos, de registar os acontecimentos mais importantes da minha vida e de alguma forma exprimir tudo aquilo que nunca iria sair cá para fora de outra forma.

Lembro-me que no início era raro o dia em que não houvesse algo para registar, algo que me deixava angustiada ou extremamente feliz, não fosse eu uma criança, e este registo diário perdurou por vários anos. Com o passar dos anos, os registos deixaram de ser diários mas continuei a registar tudo o que de marcante se passasse na minha vida.

Apenas nos tempos de faculdade esses diários até então registados em papel com direito a cadeado e escondidos pelo quarto passaram a ter um registo digital, em forma de blog ultra secreto (como se tal fosse possível no vasto e complexo mundo da internet..) onde durante algum tempo fui lá depositando os meus sentimentos e pensamentos, mais tarde este registo foi ficando para o fim das minhas prioridades. O ritmo dos meus dias não me permitia ter esse tempo para mim, aquele tempo em que o que eu não conseguia exteriorizar iria ficar registado em palavras, para mais tarde recordar e para naquele momento aliviar o meu coração. 

Agora que olho para trás, penso que se tivesse continuado a ter esse tempo talvez não tivessem sido os anos mais angustiantes da minha vida.. mas isso é tema para um outro dia.

Deixei o diário digital parado no tempo, com registos com os quais deixei de me identificar, até ao dia em que voltei a ter tempo para mim, e que além do diário em papel, voltei a ter um diário digital.
Limpei o blog anterior, guardei tudo o que escrevi, porque embora não me identifique, não deixam de ser palavras conjugadas por mim que a dada altura fizeram algum sentido. Criei esta nova casa, decorei-a ao meu gosto, e por cá vou deixando algumas notas daquilo que é a minha vida e do que me passa pela cabeça.

Os diários em papel, esse continuam a existir, já sem cadeado e sem necessidade de os esconder, com registos quase diários da minha vida. Pode parecer estranho ter uma necessidade tão grande de colocar numa folha em branco as palavras que representam o meu dia-a-dia, os meus sentimentos, as minhas questões, as mudanças, as decisões, a minha vida, mas é uma necessidade para mim tão real como a necessidade de respirar. 





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